Relato da reunião de maio/junho de 2005 entre 3 representantes das 3 nacionalidades de Moynas sulamericanos e nossos parentes irlandeses

sexta-feira, setembro 22, 2006

Promessa cumprida: voltei!

2006. Dessa vez voltei com meu filho. Fantástico... de novo.

quinta-feira, abril 13, 2006

Eu voltarei!

Na mesma noite da chegada já estava programada uma reunião na casa da Michelle. Um novo encontro com a participação de mais alguns outros parentes que não estiveram na casa do Michael, como Helen e Greg, Fionnuala e John. Muito e papo e cerveja, mas voltamos relativamente cedo, porque o Juan partia de manhã e eu logo em seguida.



No final de tudo, começou a surgir a idéia do próximo grande encontro, dessa vez mundial, incluindo também os norteamericanos. A dúvida do local ainda ficou de ser decidida entre Iowa, Lumaco, Rio ou Scotstown.

Para mim, que cresci em meio a uma família pequena, é uma sensação estranha essa de ter uma imensa família desconhecida e protetora, com suas brigas, personagens e histórias incríveis. Todos reforçaram convites para que o Guilherme vá estudar lá, a rede de proteção já está armada. Seria interessante esse fechamento do ciclo migratório da família, com o retorno de um parente emigrado à "terrinha" depois de quatro gerações.

De qualquer forma ficou a vontade de voltar, conhecer mais Dublin, ouvir música e beber (n)essa terra maravilhosa.

The rocky road to Dublin

Voltamos ao continente, onde encontramos Mackie descansando no carro. Nosso destino agora era de volta a Dublin, um estirão através de metade do país, passando por Cork e Portlaoise, lugar com, digamos, alguma ligação com nossa família.

De Cork a Dublin "voamos" por motorways perfeitas. A 160 mph a bordo do Kompressor nesse estradão é como se estivéssemos a 20 em outras condições. Como o pé do Mackie é tão pesado quanto o de alguns parentes sulamericanos, 120 mph foi nossa velocidade de cruzeiro. Pegamos um dos famosos engarrafamentos de Dublin ao chegar. Demoramos bastante para contornar a cidade até chegar em casa.

E chegou ao fim a grande jornada. Quase 20 condados e 1.000 milhas rodadas em apenas seis dias, em lugares que nenhum guia comum nos teria levado e com freqüentes aulas de história e encontros com parentes por toda parte. Incrível como os Moyna Twins são conhecidos em toda a Irlanda. A pergunta "are you Tommy?" foi ouvida dezenas de vezes. O engraçado era que o Mackie sempre perguntava de onde era a pessoa com quem ele falava e sempre perguntavam a ele de onde ele era. Eles se reconhecem pelos diferentes sotaques de cada região. O Mackie confundia um pouco as pessoas quando dizia que era de Dublin, porque seu sotaque é do norte.

Garinish Island


Garinish Island, ou Ilnacullin, foi a propriedade particular de um rico irlandês chamado Annan Bryce. Por muitos anos o projeto ficou limitado ao paisagismo exótico da ilha e só mais tarde foi construída a casa.

Há os mais diversos ambientes ao longo da ilha, desde jardins asiáticos a clássicos, como o jardim romano e o templo grego. Este último proporciona um ambiente tão surreal quanto um cenário de Myst, com a paisagem agreste do continente ao fundo, enquanto à sua volta florescem as mais plantas exóticas e você passeia entre cogumelos de pedra. Toda essa exuberância se beneficia das correntes quentes que entram na Baía de Bantry. Se a Nancy tivesse algumas horas que fossem ia pintar umas dúzias de aquarelas ali. Mas, como nosso "guia" tinha uma programação intensa e apertada, as fotos vão ter que servir.

Há também no alto da ilha (mais uma!) Martello Tower. Os ingleses tinham mesmo pavor que Napoleão invadisse o Império pelos fundos. Toda a propriedade foi mais tarde doada ao governo irlandês e está hoje aberta à visitação pública.

terça-feira, abril 11, 2006

Península de Beara



Voltamos à estrada no dia seguinte para o último e longo trecho da jornada. Primeiro cruzar as montanhas em direção ao local de origem dos antepassados dos Moyna, a Península de Beara. Cruzamos as montanhas até chegar à Baía de Bantry.



Paramos o carro em Glengarriff para pegarmos outro barquinho, dessa vez o valente Harbour Queen. O Mackie, dessa vez, ficou em terra, enquanto rumávamos para Garnish Island. No caminho, ilhotas cobertas de rododendros e casas de cinema. As focas davam seu showzinho para as lentes dos turistas.

Ladie´s View

Antes de voltar e aproveitar as delícias do Europe Hotel, fizemos um pequeno tour por Kilarney até o ponto mais alto do Parque Nacional, mirante conhecido como Ladie´s View. Lugar fantástico para trekking e aventuras, entre montanhas, florestas e lagos.

Dingle

A quinta-feira foi reservada às vistas estonteantes e a península de Dingle é pródiga nelas. Partimos de Killarney e fizemos a primeira parada em Inch Beach, onde foram feitas algumas cenas do filme A Filha de Ryan.



Seguimos costeando pelo sul da península, à beira dos penhascos vertiginosos enquanto a chuva não parava um só segundo. Num trecho da estrada tivemos que cruzar uma verdadeira enxurrada. Em cada lugar que parávamos havia uma enorme gaivota folgada pousada, sem nenhum medo dos humanos. Já deviam estar cansadas de voar naquelas condições.



Alcançamos o extremo oeste da Irlanda em Slea Head e demos a volta pelo norte da península, de volta a Killarney.

O Shannon e Killarney

Depois de voltar ao continente, rodamos bastante. Passamos direto por Galway e nos dirigimos ao sul. A pedido da Nancy, fizemos uma tentativa de ver os Cliffs of Moher, na região do Burren, mas o tempo piorou muito. Fizemos uma parada num centro de informações turísticas e pelo menos adquirimos algum conhecimento sobre a pré-história do local.

Chegamos ao Rio Shannon ao entardecer e pegamos um ferry entre Killimer e Tarbert. De lá passamos por Tralee e chegamos ao nosso destino daquele dia, Killarney. Nos hospedamos no hotel Europe, à beira do Lough Leane e em frente à Purple Mountain. De cair o queixo. O hotel era luxuosíssimo e seu lobby era TODO revestido em carvalho irlandês. O restaurante era servido por garçons alemães chefiados por uma mâitre portuguesa. Pena ficar só um dia e meio...

O forte e o curragh

No dia seguinte, novamente eu e Juan acordamos cedo. Essa é uma das vantagens de vir do oeste. O problema é quando se quer aproveitar a noite. Depois do café fomos debaixo de uma chuva fina e fria até o alto da ilha, onded está um dos fortes pré-históricos do arquipélago. A construção parece apenas um amontoado de pedras secas, mas é impressionante a coesão delas. Não fosse isso não estariam de pé até hoje, contra as intempéries do Atlântico.

Com os pés encharcados, voltamos ao hotel para pegar nossas coisas e embarcar no ferry. No porto pude examinar de perto alguns curraghs, embarcações típicas feitas de madeira e lona com piche. Com essas pequenas canoas, motorizadas ou a remo, os malucos enfrentam ondas enormes e ventos fortíssimos.

Inishmaan

Antes de nos acomodarmos, ainda fomos dar uma olhada pela ilha. A paisagem conseguia ser ainda mais agressiva e inóspita que a parte continental. A chuva, o vento e o "início" da noite (na verdade, já eram quase 9 da noite) tornavam tudo ainda mais lúgubre.



Fomos então para o simpaticíssimo hotel para acomodar nossas coisas e jantar. Durante o delicioso jantar, o casal de Blacam testou os conhecimentos de gaélico do Mackie, que parece que não fez feio.

Inis Meáin Knitting Co.

O Terry, um cara culto da universidade, veio parar nesse lugar remoto porque as Ilhas Aran são um santuário da cultura tradicional irlandesa. A intenção era aprofundar o estudo do gaélico, mas acabaram envolvidos por outra trradição regional, a arte da lã. Ele e a esposa acabaram se radicando aqui e ele adotou o nome irlandês Tarlach. Fundaram uma confecção baseada na arte milenar local, mas com tecnologia de ponta. Contaram com incentivos do governo visando fixar mão de obra na região, mas hoje já há até imigrantes filipinos ocupando alguns postos de trabalho.

Visitamos a fábrica e o charmoso show room sobre ela. Os produtos feitos lá estão nas melhores cadeias de lojas do mundo, por preços altíssimos. As peças que vimos são realmente lindíssimas, assim como o material de divulgação. Pena termos chegado tão tarde, porque daria para umas comprinhas.

Al mare

Estacionamos o carro num pátio próximo ao porto de Rossaveel, cuidado por um velhote com nariz vermelho e sotaque carregado. Rapidamente Mackie puxou assunto ele. Neste momento para um rapaz num carro perguntando por informações, mas falava pouco inglês. Perguntei de onde vinha e o cara era de Milão. Sacaneei o cara pela derrota do Milan três dias antes e dei as informações que ele queria, porque o inglês dos irlandeses ele não entendia mesmo. Tive que enfiar as duas ou três palavras palavras de italiano que eu sei para o sujeito não acabar perdido.

Embarcamos no pequeno ferry para Inishmaan, a "ilha do meio" das ilhas Aran. Pouca gente a bordo. Apenas alguns moradores, algumas pessoas visitando parentes e uns dois alemães ou holandeses loucos com suas bicicletas. Eles aparecem pedalando por toda a costa oeste da Irlanda, com sol ou chuva. Aliás a chuva não deu descanso até o fim do dia. No caminho, passamos por mais uma das onipresentes Martello Towers.



Fomos recebidos por mais um primo, Terry (agora Tarlach), que tem uma confecção de lãs finas na ilha. Embarcamos no sue jipe e chegamos até sua pequena casa por estradas espremidas entre muros de pedra e debaixo de muita chuva e frio.



Ele e sua esposa Áine estavam ansiosos para ver o tal pergaminho da Nancy e ela ávida por mais informações que completassem algumas lacunas da árvore genealógica.