Relato da reunião de maio/junho de 2005 entre 3 representantes das 3 nacionalidades de Moynas sulamericanos e nossos parentes irlandeses

sábado, setembro 24, 2005

Na rota dos turistas


Cheguei ao Palácio de Buckingham, onde, obviamente, uma horda de turistas circulava entre o Memorial da Rainha Vitória e as fotos dos Guardas. Em frente ao Palácio, atrás do Memorial, The Mall, emoldurado pelo St. James's Park e o Green Park. Caminhei um pouco pelo St. James's, à beira do lago, e depois pelo Mall até Carlton House e a Coluna do Duque de York. Dali cheguei à Regent St. e de lá até Piccadilly Circus.


Piccadilly estava ainda mais infestado de turistas que Buckingham. Pareciam pombos em volta do chafariz. Em vez de seguir pela Regent, resolvi me embrenhar pelo Soho, apesar das recomendações em contrário dos rapazes de Vestry Court (vai ver achavam que eu ia me perder, mesmo tendo um mapa nas mãos). Cheguei à Oxford St. e à HVM, onde interrompi meu turismo por uma hora mais ou menos e me entreguei ao consumismo. Se não fosse a Virgin logo ao lado, essa seria a maior loja de discos, vídeos e posters que eu já tinha visto. A Virgin é mais fashion, mas a HVM é mais interessante. Pausa para gastar minhas libras.

Power Tour - Part 1


Comecei a caminhada subindo até Buckingham Gate e por ela até o Palácio. Claro, eu tinha que ver os "soldadinhos". Lugar comum, mas afinal eu era um turista, certo? Pelo caminho, dezenas de pubs, doubledeckers e bobbies. Se tudo à minha volta era clichê, porque não eu?

Notei (e registrei) também algo menos ameno. Um carro com um cravo estilizado preso na grade dianteira, como aqueles que aparecem no filme Tommy. Sinal de que o proprietário havia perdido um ente querido (provavelmente um filho) na guerra do Iraque. Inclusive era a segunda vez em poucas horas que eu via o mesmo símbolo. No trem, vindo do aeroporto, uma senhora conversava com as amigas com um desses cravos de miolo preto no peito.

Subi Buckingham Gate, com seus velhos prédios de tijolinhos vermelhos, suas janelas, sacadas e embaixadas de países exóticos, como Burundi, Albânia e coisas do gênero.

Vestry Court

Cheguei a Vestry Court, a sede londrina dos Moynas. O apartamento do Mackie em Londres está numa área bastante nobre, a poucos passos do Parlamento. O prédio abriga alguns parlamentares e figuras do governo, então imaginei que fosse um lugar luxuosíssimo, dados os exemplos que temos aqui no Brasil. O lugar por certo é caro e exclusivo, mas fisicamente tem apenas a qualidade da localização e da construção. Nada de ostensivo, como deve ser tudo num país decente.

Na Irlanda recebi a recomendação de procurar o Phillip ("he's not domesticated yet"), neto do Mackie, que estuda em Londres. Ele e o amigo Darra, ou Darragh (bloody Irish names!), estudam em Londres e moram no apartamento, para desespero do patriarca. Flagrei-os em pleno estudo, com livros e cadernos espalhados por toda a sala. Se era encenação para impressionar o gringo, não sei, mas parecia sério (quando contei ao pai dele, ele deu uma risadinha sarcástica). Os dois foram atenciosos, mas procurei não perturbar o estudo deles.

Algumas dicas, como a de dar um pulo em Oxford St. para umas compras na HVM, e parti para o meu "power tour", ou "turismo de alto impacto" por Londres. Da mesma forma que fizera em Barcelona, mas com muito menos tempo, optei por uma caminhada por pontos mais ou menos selecionados previamente no mapa. O roteiro seria Westminster-Buckingham-Piccadilly-Oxford St.-Trafalgar-Charing Cross-Jubilee Gardens. Com apenas algumas horas de luz do dia para aproveitar, já estava de bom tamanho. Algum programa mais animado poderia ser feito à noite, como um pub, mas eu tinha que acordar muito cedo no dia seguinte.

sábado, setembro 17, 2005

Westminster

Saindo da estação de Westminster, notei que a paisagem era familiar. Levantei a cabeça e descobri porque: Eu estava embaixo do Big Ben, colado no Tâmisa. Não podia ser mais clichê, não estivesse fazendo sol e calor. Muita gente na rua, muitos turistas captando o cartão postal mais famoso de Londres.


Comecei a contornar o Parlamento e dei de cara com manifestantes de várias tendências protestando contra a presença inglesa no Iraque. Esse não foi o único sinal da guerra que eu pude perceber. Talvez, depois dos atentados, esses abnegados tenham se recolhido ou sido expulsos de lá.

Continuei minha caminhada até o apartamento do Mackie em Monck Street, onde eu encontraria o neto mais velho dele, Philip, e deixaria minhas tralhas para poder visitar alguns pontos selecionados da cidade.

Underground


Depois de todas essas indulgências, embarquei no Underground londrino na velha estação de Colindale, ainda no trecho de superfície da linha em direção ao sul, até Kings Cross. Um trecho da linha que eu peguei estava interditado e eu me confundi um pouco com as instruções para chegar ao meu destino (que era pegar a Circle Line e chegar a Westminster). Meu terceiro erro.

Mais uma vez não houve problemas. Depois de descer em Euston, onde pensei ter pego a Circle. Bzzzz! Wrong again! Eu estava la linha que vai para a parte Leste de Londres. Desci em Liverpool Street e, agora sim, estava a caminho de Westminster. Provavelmente dava para ir mais rápido se eu conhecesse bem o sistema, mas cheguei são e salvo.

Um mês mais tarde eu percebi que nesse percurso eu passei por lugares que mais tarde estariam nos noticiários do atentado de 7/7. Duas das quatro bombas explodiram próximo a King's Cross e Liverpool Street. A estação do Thameslink onde eu comecei a minha jornada londrina também estava no roteiro dos suicidas. Aliás, eu disse em outro post que eles se reuniram na estação de Luton, mas não era a mesma que eu usei e sim a anterior. Eu embarquei em Luton Airport Parkway.

De qualquer forma, a notícia do atentado um mês depois me deu calafrios.

Hendon > Colindale

Terminada a visita ao Museu, incluindo almoço e comprinhas (camiseta, badges, poster e babaquices em geral (caras, para um tupiniquim), parti para London Town. O tal almoço viria a ser minha única refeição realmente britânica. Não correspondeu à má fama, apesar de ser um restaurante self-service de um museu no subúrbio. Muito arrumadinho e a comida era caprichada.

Passei pela família argentina que jogava cricket no gramado do museu e fiz outra caminhada até Colindale, até a estação do Tube. Antes de entrar na estação, mais uma concessão às minhas manias: parada para compras na Hannants, do lado da estação de Colindale. Mais dois carrinhos para a minha coleção e uma nave Jedi para o Guilherme.