De volta a Vestry Court, os rapazes já estavam terminando os trabalhos. O Philip se encarregava do jantar e me convidou a me juntar a eles. Depois de alimentado, aproveitei o computador dele para um download das fotos para esvaziar a máquina e depois tomei um banho para um "download" do cansaço do dia todo. Nada como infraestrutura!
Quando estava chegando ao apartamento, percebi um movimento de festa do outro lado da rua e foi quando os dois me convidaram para uma "boca livre" que eu entendi o que se passava. Estavam inaugurando uns novos prédios residenciais no local onde existia um conjunto de edifícios medonhos do Ministério do Meio Ambiente. A demolição levou anos, porque havia um abrigo anti-aéreo da Guerra com paredes de 9 metros de espessura. A festa era para o pessoal da empreiteira comemorar a entrega da obra.
Cruzamos a rua e entramos na festa. Churrasco, cerveja portuguesa (!?) e figuras de aspecto familiar me causaram estranheza. O "décor" da festa era mais bizarro ainda: um visual
western com direito a
saloon e
cowboys. Seria influência das telenovelas brasileiras? Pois não é que o ambiente estava infestado de brasileiros?! Explica-se. Empreiteira francesa contrata gerentes portugueses, que contratam mão de obra brasileira. Está feita a bagunça. O que importa é que enchemos a cara de cerveja grátis, falamos de punk rock e dos Crazy Moynas, assistimos a um show louquíssimo de dançarinas de
saloon e avaliamos algumas "presas" potenciais. Quando é que eu iria imaginar essa situação?
Não há melhor companheiro de farra que um irlandês, e Philip e Darragh me colocaram no caminho do pecado. O problema é que eu tinha que acordar às 3:30 da manhã e já era 1:30 e a cerveja ainda rolava. Resolvemos encerrar a noitada e eu caí duro na cama de roupa e abraçado com o despertador. O Philip tinha arranjado um mini cab para me pegar na hora marcada e, como não podia deixar de ser, o cara foi pontualíssimo. Se não fosse o interfone eu jamais acordaria. O despertador tocou em cima do meu peito e eu não acordei.
Embarquei no táxi completamente sonado e desembarquei em King's Cross para pegar meu trem para Luton. Dei de cara com grades de ferro fechando a entrada da estação e um faxineiro. Perguntei ao sujeito como eu fazia para entrar e percebi que ele não falava nada de inglês. Através da linguagem universal, ele me explicou que havia uma entrada logo adiante. Não havia um só funcionário à vista, então comprei minha passagem na máquina, enquanto os jamaicanos pulavam a roleta atrás de mim. Bem que os rapazes tinham me dado idéia de fazer o mesmo...
Ufa! Consegui chegar na hora planejada ao aeroporto e ainda deu para tomar um café reforçado e comprar um livro. Embarquei no "expresso" de Ryan e desmaiei antes mesmo do avião ligar as turbinas. Bye, London!